sábado, 4 de julho de 2020

Fregrefild da Irlanda

Fregrefild da Irlanda dormia abraçado com sua espada sobre o peito, pronto a reagir a qualquer ameaça. Pelo menos era isso que seus homens deveriam pensar. Ele sabia que um homem dormindo é vulnerável. Enquanto dormia algum inimigo, ou mesmo um aliado, poderia se aproximar sorrateiramente e cortar sua a garganta. Sua esposa, deitada ao lado, poderia enfiar uma adaga em seu coração, afinal, nunca se sabe as intenções de uma mulher. Motivos ela teria para isso. Aquele tinha sido um dia duro. Perdera a conta de quantas cabeças havia cortado, de quantos pulmões sua espada havia perfurado. Não sabia ainda quantos homens havia perdido na batalha, mas não havia mais nenhum cristão em pé e agora seus guerreiros descansavam merecidamente. Aquela terra onde repousavam, agora lhe pertencia. Era preciso defendê-la. Fregrefid da Irlanda aprendera a lutar com seu pai, que agora bebia e dançava com os deuses em Valhalla. Achava aquilo engraçado. Como podiam deuses beberem e dançarem, enquanto ele e seus companheiros matavam e morriam em seu nome? Seu pai contava história de guerras entre os deuses, sobre como se apaixonavam pelas humanas, sobre como sofriam por suas paixões. Talvez por isso não tivessem tempo para os humanos, não podiam proteger nem a si mesmos. Talvez não fossem mais fortes que ele e seus guerreiros. Eram questões complicadas, que lhe atormentavam bastante a mente, mas não podia compartilha-las com ninguém. Se seus homens soubessem que ele duvidava dos deuses, eles duvidariam dele. Era preciso parecer indestrutível, como os deuses. Novas batalhas sempre viriam. Talvez antes mesmo de o sol nascer. ¬¬¬

Nenhum comentário: