segunda-feira, 8 de novembro de 2010

dos Anjos

Pra revelar a podridão e a imundície
Humana
Como abutres e urubus ou como porcos
Na lama
Pra espalhar toda angústia e revolta
O pessimismo
Celebrar a solidão, a dor, a tristeza
O ceticismo
Pra revelar a falsidade dessa gente
Ingrata
O valor do seu amor calculado em ouro
E prata
Pra tingir esse mundo com o seu sangue
Vermelho
E desvendar a imperfeição de sua imagem
No espelho
E alimentar toda essa dor existente
Em mim
Implorar ao sol de cada dia que nasce,
Meu fim.

domingo, 19 de setembro de 2010

A partida

Ela partiu
Sem olhar para trás
Porque não se importava com o que estava deixando.
Partiu...
Partindo tudo que havia.
Sem sombra de arrependimento.
Com um certo alívio
e com um sorriso no rosto.

E ele ficou
Sem olhar para si
Pois tinha medo do que iria ver.
Ficou...
Ficando com o que nunca existiu.
Sem sombra pra descansar
Com um fardo enorme
e com a tristeza no rosto.

E um dia ele partirá
Sem olhar para trás
Porque não há de quem se despedir.
Partirá...
Partindo tudo que lhe restar.
Sem sombra de esperança.
Com um certo pesar
e com lágrimas no rosto.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Poema inadequado

Viver só é mais fácil do que me adequar
Aos seus dogmas sem sentido
Sentimentos reprimidos
Às verdades inventadas para nos enganar.

Seu sorriso simulado já não pode disfarçar
Suas noites mal dormidas
Sua raiva escondida
Sua angústia incontida a te acompanhar.

Tanta coisa dita sem ninguém te escutar
Suas chances perdidas
A alegria esquecida
E a solidão que sempre vem lhe visitar.

“e de pensar nisso tudo, eu, homem feito,
Tive medo e não consegui dormir....”
(Teatro dos vampiros - Legião Urbana)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Sem sabor

Uma comida sem sabor,
Uma vida sem amor,
Um dia sem luz,
Um cristo sem cruz.
Entre tantos, sozinho
perdido no meu próprio caminho.
Ferido pelas mesmas armas.
Seria destino, sina, karma?
Seria bom conversar...
Seria bom descansar
pra sempre...

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Sobre ser melancólico

Sigo meio na contramão,
E me entrego à melancolia.
Torno-me amante da solidão,
Companheira fiel de todo dia.

É sentir a cor cinza do dia
Em sintonia com o coração.
É transformar tudo em poesia
Cansaço, mágoa e desilusão.

São horas vividas em vão
Dias inteiros são perdidos
Com lembranças torturantes.

Pessoas que chegam e se vão
Levando consigo o sentido
Dessa vida angustiante.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Poema perdido

Encontro em versos perdidos
seus diversos sentidos.
Encontro-me em sentido inverso
perdido em meus versos.

Haiti

Desgraça pouca é bobagem.
Quem já não tinha nada, perde tudo, inclusive a vida.Por mais triste que as coisas possam parecer, sempre podem piorar. O sofrimento sempre esteve estampado no rosto de cada um, mas ainda podia se ver um fio de alegria, de esperança. Mas agora nada resta. Só se vê desolação, tristeza, a falta de fé. Afinal de contas, acreditar em que? Como ter fé ao ver milhares de pobres, humildes, crianças inocentes sendo enterrados em valas comuns, como se fossem lixo. Perguntam-se onde está Deus agora. Talvez também esteja sob os escombros, rezando para ser resgatado.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Insônia

00:00 hs
Chego em casa meio bebâdo.Entro no quarto mal iluminado.Sinto-me pisando nos pedaços do meu coração ainda espalhados pelo chão desde a última vez que foi quebrado.Não tive tempo de consertá-lo.Acho que voi deixá-lo assim mesmo, para que ninguém tenha o prazer de partí-lo novamente.Deito-me.Vejo o teto girando. Então sento-me na cama, suando. Faz um calor infernal.Passo o resto da noite relembrando fatos que nem todo álcool do mundo me faria esquecer.Começo bem o ano...