quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Poema esquecido

Eu quero um poema que celebre os mortos
Uma ode aos anjos caídos, sujos e tortos.
Contra as regras e dogmas, normas e leis
Que una brancos e negros, heteros e gays.

Eu quero um poema que celebre a imperfeição
de uma vida sem sentido, um ser sem coração.
Que enalteça as derrotas, as lágimas caídas
que relembre as desgraças, reabra as feridas.

Eu quero um poema que seja lido em funerais
Um hino dos fracos e pobres, de todos mortais.
que seja o tradutor de uma dor cosmopolita,
que traga em si o penar de cada alma aflita.


Mas o poema que eu quero jamais será lido,
pois, ao fim, até o poeta o haverá esquecido.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Clausura

Tanto tempo busquei respostas para as perguntas erradas
Que já nem sei mais o que procuro,
Usei todo o meu tempo para desconstruir minhas escadas
E acrescentar mais tijolos no muro.

Algumas vezes tenho vontade de caminhar do outro lado
Mas meus olhos já não querem a luz.
Vivendo sempre sozinho e permanentemente calado,
A morte em silêncio melhor se produz.

Talvez seja uma defesa
A misantropia,
A descrença...

Ou é só uma fraqueza?
Patologia...
Doença?

domingo, 13 de março de 2011

Drinque com a morte

Outra vez me sento sozinho à mesa,
Há muito não recebo um amigo sequer.
Deixo na casa apenas uma luz acesa,
De repente ouço uma voz de mulher.

Eu sozinho, em silêncio, calado
-Seria essa mais uma noite comum-
Até que a morte surge ao meu lado
E se serve do meu copo de rum.

_Traga uma garrafa de outra bebida,
Diz,se for amarga um tanto melhor,
Pra te lembrar que nessa pobre vida
O que é ruim sempre pode ser pior.

_Agradeço que tenha vindo por mim,
Pois por ti esperava, amada senhora.
Alegro-me, pois posso ver que enfim
É chegada minha tão desejada hora.

_Lamento, mas assim não pode ser...
Por minha vontade eu até o levaria.
Mas infelizmente devo lhe dizer,
Que hoje,meu amigo, não é o seu dia.