quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Sigamos

Novo ano,
velhas desilusões...
Não tenho rimas
Nem tampouco soluções
Mas sigamos para os dias que virão.
"se é que eles virão"...

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Idéia morta



Hoje acordei com uma palavra presa na garganta.
Um poema preso na cabeça.
Um sentimento preso no peito.
E me torturam.
Queria libertá-los. Queria dizê-la.
Queria escrevê-lo.
Queria sentí-lo.
Mas não consigo.
Parecem ter garras que se prendem na minha boca.
No meu cérebro.
No meu coração, que sangra.
Um sangue invisível que me faz lembrar que estou vivo.
Queria um remédio para a vida.
Viver dói demais...

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Estações

As pessoas passam pela nossa vida como passam as estações pelo ano.
Algumas trazem a beleza colorida da primavera; outras, a melancolia do outono. Algumas emanam o calor do verão; outras, o frio do inverno.
A diferença é que, ao contrário das pessoas, as estações sempre voltam...

"...12 horas há mais de uma semana
piscam as luzes do video-cassete.
12 meses lá se vai o ano
e o outono parece não passar..."
(Na real - Engenheiros do Hawaí)

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Amanhecer

Acordou com a impressão de que aquele seria um dia difícil. Na verdade não acordou, porque nem chegou a dormir. Passou a noite se revirando na cama, remoendo lembranças, reconstruindo cenas e palavras na mente, lamentando-se por velhos erros. Assim que o relógio despertou lembrou-se que a vida continuava, embora seu coração já pedisse descanso. Chegou a sentar-se na cama, a tocar o chão frio com os pés descalços. Tentou buscar no fundo de sua alma algo que o motivasse a encarar aquele dia, mas não encontrou. A luz do sol que começava a entrar pela janela o deixava tonto, e achava terrível o fato de que, quando abrisse a porta, veria que o mundo lá fora ainda era mesmo, mas que dentro de si sentia que o mundo havia acabado na última noite. Deu uma volta pelo quarto, colocou um cd dos “Smiths” para tocar e voltou para a cama. Do outro lado do quarto viu seus livros espalhados pelo chão. Lembrou-se um trecho de Werther, de Goethe: “Deus sabe quantas são as ocasiões em que me deito na cama com o desejo, e às vezes a esperança, de não tornar a acordar. E de manhã abro os olhos, revejo o sol e me sinto miserável...” Péssima hora para se lembrar desse livro. Por um momento cogitou tomar a mesma atitude do personagem. Um tiro na cabeça talvez fosse a solução. Mas talvez não. De qualquer forma ele não tinha uma arma em casa. Decidiu apenas não se levantar e fingir que estava morto por um dia. Haveria muito tempo para viver depois...