quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Poema esquecido

Eu quero um poema que celebre os mortos
Uma ode aos anjos caídos, sujos e tortos.
Contra as regras e dogmas, normas e leis
Que una brancos e negros, heteros e gays.

Eu quero um poema que celebre a imperfeição
de uma vida sem sentido, um ser sem coração.
Que enalteça as derrotas, as lágimas caídas
que relembre as desgraças, reabra as feridas.

Eu quero um poema que seja lido em funerais
Um hino dos fracos e pobres, de todos mortais.
que seja o tradutor de uma dor cosmopolita,
que traga em si o penar de cada alma aflita.


Mas o poema que eu quero jamais será lido,
pois, ao fim, até o poeta o haverá esquecido.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Clausura

Tanto tempo busquei respostas para as perguntas erradas
Que já nem sei mais o que procuro,
Usei todo o meu tempo para desconstruir minhas escadas
E acrescentar mais tijolos no muro.

Algumas vezes tenho vontade de caminhar do outro lado
Mas meus olhos já não querem a luz.
Vivendo sempre sozinho e permanentemente calado,
A morte em silêncio melhor se produz.

Talvez seja uma defesa
A misantropia,
A descrença...

Ou é só uma fraqueza?
Patologia...
Doença?